Apesar
de entidades públicas e privadas se referirem a essa data como o Dia
Mundial da Saúde e Segurança no Trabalho, encobrindo assim o
verdadeiro motivo de relembrar esta data, fazemos questão de trazer
a tona o fato histórico que marcou esse dia. No ano de 1.969,
setenta e oito operários morreram numa explosão de uma mina nos
EUA. De lá pra cá, continuamos todos os anos tendo notícias de
acidentes em minas, assim como ainda hoje milhares de trabalhadores
morrem, são mutilados, sofrem de doenças físicas e psíquicas
causadas pelo trabalho.
Segundo
divulgado em 2011 pela Organização Internacional do Trabalho, no
mundo são trezentos e dezessete milhões de vítimas de acidentes de
trabalho por ano, o que representa aproximadamente 4,5% da população
mundial. Cento e sessenta milhões sofrem com doenças relacionadas
ao trabalho. Por dia, o trabalho mata 6 mil trabalhadores, são
quatro vidas que se vão a cada minuto. No Brasil, os dados oficiais
anunciam que são quase 3 mil mortes por ano em decorrência de
acidentes de trabalho, mas estima-se que o dado real seja pelo menos
3 vezes maior.
Esses
dados nos chamam a atenção para a realidade em que nós,
trabalhadores, vivemos, seja no chão de fábrica, no cais do porto
ou nos escritórios, todos estamos sujeitos às armadilhas do mundo
do trabalho. Estamos submetidos às regras do mercado, onde a
produtividade e o lucro sobrepõe-se à saúde do trabalhador.
Enquanto trabalhamos sob pressão extrema, expostos ao assédio
moral, às jornadas estendidas e má remuneração, tendo assim a
saúde prejudicada, alguns poucos lucram com essa situação.
Nós,
enquanto estudantes, trabalhadores e usuários do Sistema Único de
Saúde, participantes do Fórum Popular de Saúde da Baixada
Santista, entendemos que somente um SUS de verdade, realizado pelo
serviço público, com os princípios da integralidade, da
universalidade e da equidade garantidos, e com a visão de que as
políticas sociais e econômicas devem garantir à redução do risco
de agravos à saúde, é possível lutar para que a saúde do
trabalhador esteja acima de qualquer lógica de mercado. Para além
disso, consideramos que não se podem propiciar condições melhores
de saúde sem considerar que a atual forma de organização do
trabalho é a responsável pelo adoecimento e morte dos trabalhadores
e, portanto, deve ser questionada e transformada.
"As tragédias deixam claro
O que deve ser mudado,
A comparação é feita
Quando o pretérito é lembrado,
O presente é refletido
E o futuro é preparado."
Literatura de Cordel
Antônio de Lisboa e Edmilson Ferreira
Antônio de Lisboa e Edmilson Ferreira